Coordenação Ciências Biológicas

O curso

O CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

CARACTERIZAÇÃO DO CURSO – MODELO PEDAGÓGICO

As discussões que se efetuaram no Instituto de Biologia em 1996, quando teve início o processo de construção coletiva do projeto de criação da graduação em Ciências Biológicas, envolveram principalmente um único pensamento que objetivava evitar a fragmentação dos conteúdos ministrados por disciplinas isoladas, constatada por Santomé, em seu livro clássico intitulado Globalização e Interdisciplinaridade.

Assim nessa época foram definidas as opções política (por uma sociedade democrática e solidária), metodológica (com a construção do currículo integrado que fosse atravessado por um projeto pedagógico), e estrutural (participação de outros Institutos como Biomédico, Educação, Química, Matemática, e Física) do curso, mantendo como cunho principal a integração dos conteúdos e a interdisciplinaridade.

Cônscios de que a escolha do projeto pedagógico deveria estar inserida no contexto da sociedade, um projeto com um núcleo comum básico foi elaborado no sentido de levar a formação de um indivíduo autônomo, capaz de fazer escolhas e de responsabilizar-se pelas escolhas assumidas, apto a definir o seu caminho profissional através das competências adquiridas no curso de graduação. Este profissional também será capaz de elaborar, participar e gerir projetos coletivos, estabelecendo critérios e elegendo princípios éticos de conduta, sendo fundamental para construção de uma sociedade democrática e solidária com a qual terá compromisso.

REFORMA CURRICULAR DO CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Em seu livro clássico Globalização e Interdisciplinaridade, Santomé constata a existência de uma grande insatisfação, por parte da maioria do corpo discente e docente das instituições de ensino, diante da amotinação e fragmentação dos conteúdos ministrados por disciplinas (professores) isoladas. Esta insatisfação foi a tônica das discussões que se efetuaram no Instituto de Biologia, desde 1996, quando teve inicio o processo de construção coletiva do projeto de criação da graduação em Ciências Biológicas neste Instituto. Atentos a estes aspectos educacionais e pedagógicos e considerando que um curso de graduação universitário na verdade vivencia em seu dia a dia um processo de construção e renovação permanente, procuramos através de nossa proposta de reforma curricular também atender as novas realidades que se impuseram no Brasil aos cursos de graduação em Ciências Biológicas como consequência de: (i) Resoluções do Conselho Nacional de Educação (CNE/CP no. 1/2002, n0. 2/2002 e no 2/2004; CNE/CES no. 7/2002) determinando que os cursos de Licenciatura e Bacharelado devam possuir formação realizada em processo autônomo, numa estrutura com identidade própria, seleções independentes e processos distintos para ingresso. Estas resoluções estabelecem também que a formação de professores da Educação Básica em nível superior deverá ter uma duração mínima de 2.800 horas, das quais 1.800 para conteúdos curriculares de natureza biológica e um limite mínimo para integralização curricular de três anos. Também definem o Licenciado em Ciências Biológicas como profissional apto para atuar na docência de Ciências e Biologia no ensino fundamental, médio e superior, e em atividades correlatas à docência relativas ao ensino formal e informal; (ii) promoção de Consulta Pública pela Secretaria de Educação Superior (SESu) do Ministério da Educação (MEC) em 2008-2009 que resultou no Parecer CNE/CES no. 213/2008 e na Resolução  CNE/CES no. 4/2009, estabelecendo o Bacharel em Ciências Biológicas como profissional apto a atuar nas áreas de meio ambiente, saúde e biotecnologia após formação universitária que contemple uma carga horária mínima de 3.200 horas e um limite mínimo para integralização curricular de quatro anos.

Estiveram envolvidos ativamente neste processo todos os Departamentos do Instituto de Biologia e de outros Institutos que participam do Curso de Ciências Biológicas, assim como representando o corpo discente, os estudantes membros do Diretório Acadêmico Luiz Andrade e as subcoordenações relativas ao gerenciamento das diferentes ênfases (Licenciatura, Biologia Marinha, Biologia do Desenvolvimento, Neurobiologia, Interações Biológicas e Ambientais, Tutorial e Estágios) em que se estruturava a formação profissional em nosso Curso. Paralelamente, o Colegiado do Curso de Ciênncias Biológicas, através da sua Comissão de Reforma Curricular e seus coordenadores,  subcoordenadores e representantes discentes participaram de vários grupos de discussão, envolvendo principalmente o MEC e o sistema de Conselhos Federais e Regionais de Biologia, para elaboração das novas diretrizes curriculares dos Cursos de Ciências Biológicas (Licenciatura e Bacharelado) da UFF. Partindo de uma reflexão crítica sob a proposta vigente, e através do contato com diferentes realidades de formação de biólogos, bem como a experiência de gestão de uma proposta unitária a ser remetida ao MEC, subsidiou a Comissão na definição do perfil de biólogo almejado e do modelo pedagógico necessário para formação do nosso profissional.

A dinâmica de conversação e reflexão crítica da nossa prática pedagógica se deu em forma de encontros informais e reuniões de trabalho, que culminaram no estabelecimento primeiramente de subcomissões por áreas temáticas e de conhecimento e posteriormente de uma Comissão interdepartamental indicada e designada pelo Colegiado de Curso.

Cônscios de que a escolha de um projeto pedagógico não é neutra, estando sempre inserida numa concepção particular de sociedade, optamos pela formação de um indivíduo autônomo capaz de fazer escolhas e de responsabilizar-se pelas escolhas assumidas. Que fosse também capaz de elaborar, participar e gerir projetos coletivos, estabelecendo critérios e elegendo princípios éticos de conduta. Este indivíduo é fundamental para construção de uma sociedade democrática e solidária, que é aquela com a qual temos compromisso.

RACIONAL DA PROPOSTA PEDAGÓGICA

Desde o início dos anos 80 vem-se procurando alternativas dentro do pensamento biológico, que favoreçam ideias abrangentes face à fragmentação do conhecimento. Da mesma forma há uma preocupação crescente na área de educação e divulgação da ciência com relação ao ensino de Biologia, pensado, na maioria das vezes, como livresco e desintegrado de um contexto regional e social. Assim, a proposta pedagógica do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal Fluminense está baseada em dois pilares principais: a interdisciplinaridade e o saber-fazer.

A ênfase dada ao saber-fazer advém da necessidade de uma modificação e adequação da Universidade para o novo paradigma educacional, de um ensino ainda centrado na informação para um integralmente comprometido com a formação. Isto porque, num mundo em rápida e constante mudança, a informação se torna rapidamente ultrapassada e obsoleta, o que torna os alunos despreparados para o mercado de trabalho, antes mesmo de deixarem a Universidade.

De forma sumária, portanto, o objetivo mais global a alcançar tem sido dar a cada estudante a oportunidade de pesquisar e realizar na prática, dando ênfase ao saber-fazer.  Assim tem se tornado imperativo então trabalhar com o aluno, não no sentido de torná-lo um depositário de informações, mas um indivíduo capaz de buscar e processar o conhecimento de maneira autônoma (Freire, 1982, 1984). Assim, propiciamos aos nossos alunos situações-problema, cujas soluções exigem uma visão globalizante da Biologia, assim como o trabalho cooperativo com compreensão das diferentes áreas do conhecimento.

Esta ênfase dada ao saber-fazer não despreza, certamente, as fontes e os canais de informação, cada vez mais disponíveis com a informatização crescente da sociedade. Os nossos professores são então capazes de utilizar novas tecnologias de ensino como instrumentos capazes de auxiliar na superação das limitações dos alunos. Assim o papel do professor de reprodutor de conhecimento e detentor único do saber foi transformado em Coordenador de atividades, responsável por criar motivações para que os alunos possam fazer suas próprias descobertas. O modelo do curso criado no ano de 2000 e atualizado em 2011 é constituído de duas dimensões: eixos verticais que representam cortes temporais (semestres) nos quais as disciplinas objetivam a aquisição de habilidades específicas e um eixo horizontal, que representa as diferentes matérias (Botânica, Zoologia, etc.) em sua unidade estrutural (Fig. 1).

Uma terceira dimensão, a resultante destes vetores, representa a síntese dada pela obtenção dos conceitos de interdisciplinaridade e percepção histórica, ocorrendo no Núcleo de Formação Geral (2240 horas). No caso específico do ensino de biologia estes conceitos encontram-se manifestos nas disciplinas de Ecologia e Evolução. Na Ecologia, definida pelas interações entre os organismos vivos entre si e destes com o meio ambiente, evoca necessariamente a complexidade de relações que exige a manipulação de conhecimentos de diversos campos do saber. Do mesmo modo é no estudo da evolução que a biologia ganha uma nova dimensão, o tempo, com sua ação criativa e transformadora e mais instigante do que tudo, trazendo para o campo das ciências da vida a noção de contingência, com seu conteúdo de novidade e indeterminismo (Fig. 1).

Ao fim deste processo espera-se que o aluno se constitua em indivíduo autônomo, capaz de saber o que quer saber, buscar informações, manter uma postura critica comparando diferentes visões e reservando para si o direito de conclusão. Sendo assim, o aluno estará apto a exercitar a escolha responsável de sua futura formação profissional. Neste momento do curso, na passagem do 4o. para o 5o. período, cada aluno terá a sua disposição diferentes conjuntos de disciplinas que, a sua escolha, comporão sua futura formação profissional durante os Núcleos de Formação Específica (1.040 horas) e Complementar (320 horas), integralizando assim o currículo com um total mínimo de 3.600 horas.

Inicialmente será necessário definir-se entre duas das Áreas de Formação referentes à atuação do Bacharel em Ciências Biológicas definidas pelo MEC e que são oferecidas com base no perfil acadêmico do nosso Instituto de Biologia e seus departamentos: Meio Ambiente e Saúde. A seguir, será possível também a escolha entre duas de Linhas de Concentração dentro das Áreas de Formação em Meio Ambiente ou Saúde: Biologia Marinha e Interações Biológicas e Ambientais na área de Meio Ambiente, e Neurociências e Biologia do Desenvolvimento, na área de Saúde (Fig. 2 A, B). Como alternativa a estas opções será também possível ao discente elaborar, sob a orientação de um tutor, uma grade curricular mais afeita a diferentes pretensões profissionais que possua em uma terceira Área de Formação em Bacharelado Tutorial (ver abaixo).

O aluno terá a liberdade e a responsabilidade de definir durante este período de formação específica e complementar que Área de Formação pretende cursar e mesmo se irá ater-se apenas à Área de Formação escolhida ou aprofundar-se cursando também uma Linha de Concentração escolhida. Em resumo, espera-se que o aluno até este momento tenha se tornado um indivíduo autônomo, o que se traduz em saber o que se quer saber, buscar informações, manter uma postura crítica, comparando diferentes visões e reservando para si o direito de conclusão. Inclui-se também o auto-respeito, o respeito mútuo, segurança de tomar decisões diante de situações novas e de se responsabilizar por elas.

Fig. 2a

Fig. 2b

 

Abaixo relacionamos a estrutura curricular prevista para o Curso de Graduação de Bacharelado em Ciências Biológicas:

 

1) Núcleo de Formação Específico:

  • Disciplinas Obrigatórias Comuns

Subtotal: 2240 horas

 

2) Núcleo de Formação Específico:

  • Disciplinas Obrigatórias:

– Trabalho de Conclusão de Curso (100 horas)

– Iniciações à Pesquisa (200 horas)

  • Disciplina Obrigatória de Escolha (40 horas)
  • Disciplinas Optativas (700 horas)

Subtotal: 1040 horas

 

3) Núcleo de  Formação Complementar

  • Disciplinas Optativas (120 horas)
  • Atividades Complementares (200 horas)

Subtotal: 320 horas

TOTAL: 3.600 HORAS

 

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